sábado, 17 de janeiro de 2009

O Mamute de Diolinda - Parte 10

Olhou para os lados e entrou no carro cautelosamente, estava desconfiada, olhava para os mendigos com desgosto, mas mesmo assim, não os encarava olho a olho, sentou-se no banco de couro e fechou a porta do veículo, viu que o interior havia reformado e que este automóvel possuía um banco traseiro, respirou fundo com os olhos fechados e a cabeça apoiada no encosto, ajeitou o retrovisor interno e quando olhou para o espelho, viu duas mãos se aproximando de seu rosto, as mãos seguravam uma faixa preta e esta vendou sua visão, outra laçou sua boca para que nenhum grito fosse dado, logo sentiu duas mãos tocando em seus ombros e deslizando sobre seus cotovelos, estas juntaram seus punhos e a laçou com um arame, os braços fortes retiraram-a do lugar do motorista e a colocou no banco de trás onde estava sentado. A mulher só sentia o banco de couro negro aquecendo seu rosto, enquanto seu suor ensopava aquele espaço onde sua cabeça estava acomodada, seu nervosismo era tanto quanto sua preocupação, a pessoa que fez isso então disse:

- Diolinda, não tenha medo – enquanto ligou o carro e também o rádio, mexeu no porta-luvas e colocou um cd, começou a dirigir:


- Ouça isso, é necessário que preste atenção nessa melodia, elas vão te levar muito além do que você sabe sobre a sua vida – a pessoa colocou um cd e uma música clássica começou a tocar, ele abaixou um pouco o volume que estava muito alto e falou:


- Provavelmente você já ouviu falar de Vivaldi, Mozart e Beethoven, mas tenho certeza que nunca ouviu falar de Louis Garnaguel, este ficou famoso em vida, mas só em vida. O homem era um gênio que passou de sua genialidade para a insanidade. O mestre dos mestres, nasceu na França e seu pai se apaixonou por uma Italiana, filha de um dos maiores fabricantes instrumentos musicais, seu pai por sua vez era apaixonado por música e o primeiro presente que deu ao seu filho foi o ensino sobre a arte, fez com que Louis aprendesse a tocar piano com dois anos de idade e com quatro anos o menino já fazia suas próprias músicas. Em 1735 Louis Garnaguel possuía seus 18 anos e possuía as melhores composições da época, sucesso veio repentino. Já com 20 possuia diversas casas pela Europa, mulheres e muito, mas muito dinheiro mesmo. Um certo dia Garnaguel, saiu de um de seus espetáculos e caminhou com uma garrafa de vinho até uma praça, sentou-se num banco e atrás da árvore uma luz chamou sua atenção, ele curiosamente foi verificar e viu uma pequena fada, que olhou, olhos nos olhos de Louis e após este dia as coisas começaram a se tornar estranhas na sua vida. O mestre não pode mais ouvir a sua música, pois toda melodia lhe trazia certas imagens, cada composição era uma história e ele passou a entender isso melhor do que ninguém. O mestre passou do ouvido para a visão, os dois trabalhando juntos num único sentido, suas músicas se tornaram barulho para o ouvido do publico e para aquela época algo diferente, era muito difícil de ser aceitado, o sucesso de sua carreira desapareceu, quem gostava de suas músicas passou a odiá-lo e assim, muito triste ele retornou para aquela praça, viu novamente a luz atrás das árvores e com uma pequena caixa de madeira com o formato de violino, aprisionou aquele pequeno ser, no mesmo dia, fez um buraco no piso de sua casa e a enterrou, três dias após ter ido enterrado. Louis Garnaguel se enforcou em sua casa com uma corda de piano. Ninguém nunca mais ouviu falar dele após o incidente. – Após a história a pessoa parou o carro.

Nenhum comentário: