terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Mamute de Diolinda - Parte 11

Desligou o rádio e tirou a faixa negra que cobria os olhos de Diolinda, ela por sua vez os arregalou e se assustou também. Nunca pensou que a pessoa que fez isso com ela seria justo uma que via muitas vezes, as lágrimas surgiram novamente com o desespero, mal conseguia respirar, o couro quente do banco a fazia se ensopar de suor. A pessoa retirou a faixa que cobria sua boca e a esperou falar alguma coisa.

- Por que você está fazendo isso comigo? Afinal quem são vocês? – pelo retrovisor viu que o Porteiro de seu prédio havia feito tudo aquilo por um propósito – só queria entender o porque.

O velho se inclinou no banco e pelo espelho enxergava o drama de Diolinda. Ele foi calmo e paciente, respirou fundo e respondeu.

- Posso resumir uma coisa, você não é uma pessoa comum, uma simples trabalhadora, uma secretaria, e acho que você descobriu que eu também não sou só um porteiro. Posso dizer que são duas organizações atrás de você. A “Orquestra” são os músicos, pessoas que querem o seu bem, somos muitos e acho que você está sabendo disso. Ontem a noite, por exemplo enquanto você jantava no Salmon Kin, eu fui até a casa de seu patrão e ofereci 300 mil reais para te demitir, ele se assustou, mas após um tempo entendeu uma longa conversa falsa, foi hilário, mas não se assuste com dinheiro o mesmo valor foi depositado na sua conta na mesma noite, acho que não percebeu que naquela orquestra, quem regia os músicos era eu – a mulher já estava ficando mais calma e com as mãos atadas tentava enxugar as lágrimas que molhavam suas bochechas avermelhadas – ele novamente voltou a falar.

- Os “Tibetanos”, a outra organização. Eles também estão atrás de você, eles aparentam calmos, mas não são, eles aparentam sábios e pode acreditar – O Porteiro coçou o queixo:

– Isso eles são muito, mas muito mesmo. Eles já estão nessa cidade, já estão atrás de você. Ambas as organizações querem você viva.

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