O Mamute de Diolinda - Parte 9

A mulher parecia mais um carro de fórmula um, acelerou seus passos, se focava apenas no lixo, trombou ombro com ombro em alguns homens de terno, mas seus olhos não piscavam, assim como seus pés que não paravam, de sua boca, saia apenas a palavra “desculpa”, mas mesmo assim não olhava para trás. Atravessou a primeira esquina aonde o farol se encontrava verde para os carros, quase foi atropelada, mas não parava os passos e mais uma “desculpa” dessa vez em grito foi dada. Os estresses das pessoas daquela pequena cidade haviam parado, era bom para os cidadãos terem algo diferente em suas rotinas, nem que seja uma louca andando nas ruas. Diolinda olhou para o lixo e parecia para ela que o tempo estava congelado, as pessoas, os carros, os pombos voando no céu, apenas o sol batendo no plástico verde do lixo fazia algum sentido e toda aquela podridão também, enfiou a mão e sentiu bananas pela metade misturadas com bitucas de cigarro e papéis de sanduíches, revirando toda aquela montanha de inutilidades, ela ouvia 2 mendigos, um negro velho, careca de barba cumprida e grisalha e outro chinês com o cabelo imundo e a barba pra fazer, eles estavam conversando sobre ela tão alto, que ela não pode deixar de ouvir. Primeiro começou o negro.

- Olha Dona, se você gostar de lixo, esse aí não tem muita coisa boa, vamos ali ao beco que eu vou te mostrar o tamanho de uma lingüiça calabresa que colocaram lá, se quiser eu te mostro agorinha mesmo - O velho com a barba grisalha arregalou os olhos, enquanto o chinês ria de seu parceiro.

Diolinda não deu ouvido, apenas estendeu a sua mão esquerda que não estava remexendo o lixo e estendeu o dedo do meio para o mendigo, que gargalhou e deu um gole do conhaque que estava enrolado num saco de pão, após 10 segundos de dado o gole o mendigo engasga e ela acha uma chave entre os restos de alimentos e vícios humanos. A chave estava fedendo, mas mesmo assim ela a pegou com firmeza, viu que era uma chave de carro preta em tribais dourados recheada de gosmas, havia dois botões vermelhos, um escrito sobe e o outro baixa. Diolinda, já estava longe dos fios dos pombos, mas apontou a chave para os fios e clicou no primeiro botão e atrás dela o carro mais bonito entre os demais estacionados Nissan 350z de cor azulada que estava parado destravou as portas e acendeu o pisca alerta.