domingo, 11 de janeiro de 2009

O Mamute de Diolinda - Parte 8

Cumprimentou o porteiro que estava sempre vendo a pequena televisão branca e sussurrava numa tonalidade tão baixa, que nem ele mesmo conseguia ouvir a sua própria voz. Ao pisar na calçada em frente ao seu apartamento, ouviu que os pombos gorjeavam alto, que os carros buzinavam sem parar e logo pensou no choque que estava acontecendo em sua vida. Um pombo entre as centenas que estavam nos fios dos postes, pousou no ombro de Diolinda e em sua pata alaranjada havia um bilhete amarrado, ela desamarrou e olhou nos olhos do pombo que deu mais um gorjeada e voou para o mesmo fio onde estava antes. A mulher apavorada olhou para os cantos e viu que as pessoas estavam pensando mais no trânsito, cada um estava preocupado com a respectiva vida estressante e ela tinha a dela, suspirou de alívio, com as mãos suadas abriu o bilhete e não havia nada escrito, pasmou, suou e nada, esticou, amassou e virou o papel e nada estava escrito, quando aqueles pombos todos gorjearam de uma vez só, ela estendeu o bilhete na direção dos frios e a transparência do papel fez com que os fios fossem as linhas e o sol que batia nos pombos lhe dava o sombreado certo das letras e nele estava escrito:

3º lixo esquina

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